Sou um brasileiro que me orgulho muito das minhas raízes e origens. De vendedor de melancia na infância a CEO no setor hoteleiro com certeza demandou a crença em mim mesmo, na força do trabalho e na ética acima de tudo e nas relações com as pessoas.
Esse artigo surge justamente na Semana da Pátria brasileira e não estou aqui para agradar ninguém, mas justamente para trazer reflexões sobre quem somos como cidadãos e é a somatória de cada uma de nossas atitudes individuais que se forma a nação.
Por estar nos Estados Unidos residindo e atuando profissionalmente, quero começar dizendo que o patriotismo é muito arraigado nos Estados Unidos. O que esse fato diz sobre os cidadãos e, como consequência, o ramo dos negócios?
Sem melindres nem mimimi
Em sua maioria, posso dizer que os americanos não têm melindres, eles não misturam trabalho com relações pessoais. Já o brasileiro, se o “chefe” chama a atenção, ele já diz: “Vou ser mandado embora, meu chefe não gosta de mim”.
Brasileiro não sabe muitas vezes separar o profissional do pessoal. Infelizmente está enraizado em nossa cultura o lado emotivo e com isso muitas vezes afeta diretamente a carreira de muita gente.
Erros são o caminho para o sucesso
Na América, o empreendedorismo é muito forte. Os profissionais são incentivados a arriscar em suas decisões e carreiras. Os erros fazem parte do dia a dia e nem por isso são “demitidos” ou há o sentimento de algo ruim, bem diferente do Brasil.
Os americanos sabem como se vender e esperam que os outros façam o mesmo. Lá, imperam as relações justas e isso significa que as relações devem ser éticas. O que é certo é certo.
Pode notar: se um dia você tiver oportunidade de ir aos EUA ou já foi, vá até uma loja de departamentos. Se o troco for de apenas 1 centavo, o caixa vai lhe devolver esse dinheiro que, por mínimo que seja, pertence a você e não à loja.
Jeitinho brasileiro deve ser o da ética e das relações justas
Bem diferente do que encontramos aqui, infelizmente. Essa mesma loja aqui no Brasil, na falta de troco, faz o quê? Sim, vai te empurrar meia dúzia de balas achando que isso é o certo. E não é. Você tem direito ao 1 centavo que lhe pertence. Ou você chega na loja com um caminhão de balas e leva as mercadorias?
Devemos exterminar a cultura de levar vantagem em tudo. Eu mencionei em outro artigo que EUA e China, por exemplo, são extremamente competitivos e podemos visualizar isso em tudo a nossa volta.
Portanto, isso significa que os americanos conseguem trabalhar dando o máximo de si e não pensam no tal do jeitinho brasileiro para fazer horas no trabalho. Aqui ou você produz ou você produz.
Não vivemos aqui o tal do “sistema” para nos sentirmos protegidos pelo estado que é o fim de si mesmo. Ou seja, não dá para fazer nada por simplesmente fazer de conta que faz e não faz.
Faça a sua parte com ética
Nós, brasileiros, enfrentamos um processo de extinção do sentimento patriota e isso não é de agora, já vem de muitos e muitos anos. Pelo que percebo através das atitudes ou ausência delas, é que nos tornamos desprovidos e muitas vezes não nos orgulhamos de muitas coisas que acontecem no nosso País, seja no âmbito patriótico, moral e civismo.
Que valores enxergamos em nossa área pública, por exemplo, a imensidão e a podridão que passam sobre os nossos olhos todos os dias em termos de corrupção. A nossa educação é um sistema falido, não há qualquer argumento que me faça mudar de opinião até aqui pela forma como conduzimos.
Formamos diariamente analfabetos funcionais levando a sociedade para uma verdadeira falência cultural. Como se orgulhar e ser patriota de uma nação com estes comportamentos, não é verdade? O que há de errado em nossa sociedade na visão de vocês?
Fazer o que é certo, não o que é mais fácil
Se você tem algum carinho e cuidado pelo seu País, todos nós devemos procurar fazer o certo. Mas o sistema muitas vezes te engole.
Ser empresário no Brasil é quase ser um super-herói. Precisávamos ter recebido uma Pandemia para cuidar dos rios, fauna e flora?
Qual é o respeito que eu tenho para com a minha cultura, meu País se eu não faço o básico bem feito e de forma correta.
Eu amo meu País, mas na prática não tenho o mínimo de respeito para com as pessoas que nela se dedicam a vida por contribuir à nação.
Patriotismo é cidadania: de zero a dez que nota você se dá?
Patriotismo na prática é cidadania. Todos nós temos deveres e obrigações. “Eu amo meu País, mas como cidadão sou nota zero”. Que tipo de amor é esse? O senso do nosso dever é diário. Falta de identidade nacional é assim que muitos de nós Brasileiros veem o nosso País.
Na minha visão eu comparo o patriotismo com a autoestima das pessoas, ou seja, o quão otimista eu como cidadão continuo acreditando no meu País?
E olhando para o nosso Brasil numa percepção bem macro acredito que os nossos valores estão cada vez mais em baixa, pois o otimismo do brasileiro aparentemente está enfraquecido já de longa data.
A única solução que eu como cidadão visualizo a muito longo prazo de alguma melhora no nosso Patriotismo é através da educação que atualmente se encontra falida.
Patriotismo e negócios
Eu comparo o patriotismo aos negócios. Aqui eu cito a indústria da hospitalidade. Nossos funcionários precisam ter um sentimento de pertencimento à missão, visão, valores, propósitos das empresas, assim como os cidadãos precisam enxergar esse mesmo valor a pátria e ter esse sentimento de pertencer com orgulho ao seu País.
Funcionários que se entregam de corpo e alma a seus propósitos em suas carreiras exercem uma causa nobre, comparada ao patriotismo. Como podemos resgatar esse sentimento de orgulho e pertencimento do nosso Brasil? Respeitando uns aos outros e fazendo o que é certo. Você faz a sua parte?
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@NilsonBernalHospitality
Co-Founder and CEO da Plataforma Bymschool. Consultor na área da hotelaria e hospitalidade, palestrante e escritor. Atua na Indústria de hospitalidade há mais de 25 anos em companhias como Complexo Jurema Águas Quentes Resorts, Bourbon Hotéis & Resorts, Mabu Hotéis & Resorts, Bristol Hotéis & Resorts e Atlantica Hotels International. É embaixador pela Divine Academie Française des Arts Lettres et Culture (Paris). Membro Executivo de Honra da Academia Europeia da Alta Gestão desde abril/2019. Atualmente mora nos EUA estando a frente de vários projetos.